sábado, 17 de maio de 2008

A velha questão dos novos

Rampazzo nos escreveu há alguns dias sobre um tema que sempre está no centro das discussões relativos aos salões de humor:

Não sei qual filosofia o pessoal da organização tem mas acredito que a função dos salões deveria ser impulsionar novos cartunistas para o mercado (já tão concorrido como o nosso) e não apenas ficar promovendo já consagrados artistas.

É lógico que o trabalho desses caras é f... mas e os novos que estão chegando não tem vez?

Apenas a opinião de um cartunista desdentado. Abraço a todos e boa sorte!


Bom, não posso escrever por todos da organização mas vou colocar aqui a minha posição pessoal, E peço que comentem a respeito.

Acho que a função principal do salão é apresentar ao público obras de qualidade, independente de quem sejam os autores, para que o público conheça e acompanhe a produção contemporânea do humor gráfico.

Mas um salão tem, sim, uma função secundário que é a de incentivar e abrir espaços para novos artistas.

Só que: ao invés de fazer um concurso para novatos - ou, como está na moda do correto, estabelecer cotas - acredito que o Carioca contribui mais para a valorização dos novos abrindo para o máximo possível de profissionais consagrados. Isto diminui a quantidade de artistas novos que acabarão aparecendo, mas os que alcançam a final (pelo seu talento), terão mais divulgação (os nomes consagrados ajudam muito nisso) e maior incentivo (afinal, chegaram lado a lado com alguns feras veteranos. Muitas vezes na frente).

Há outros salões com mais possibilidades de seleção de novatos, e estes devem participar desses salões, sempre. O Carioca é um dos eventos top do humor e seu enfoque realmente é o de um concurso para profissionais. Mas amadores e iniciantes devem participar deste salão também pois é um dos poucos trampolins disponíveis em nossa área. Onde, simultaneamente com a participação de alguns dos melhores desenhistas atuais, e de diversos veteranos, os artistas novos sempre tiveram espaço. Não porque lhes foi concedido, mas porque o conquistaram, a cada ano.

Uma das principais características do Salão Carioca tem sido justamente este da renovação.
Por exemplo: no ano passado, dos 12 premios distribuidos, sete (mais da metade) foram para artistas que nunca tinham sido premiado antes neste evento. Nomes como Maria, Wilbor, Sax, Brito, Jarbas e Leite. Junto com artistas de outras edições como Moa, Guazelli, Vilanova, Samuca e Mattias.

Não é uma estatística ocasional. No ano anterior, a tendencia foi a mesma: entre os 12 premiados, sete artistas que nunca o foram no Salão Carioca! Em 2005, a proporção foi meio a meio.
(Atentem que a cada ano o feito fica mais dfícil, pois embora surjam sempre nomes novos, em cada edição seis ou sete ótimos artistas deixam de ser inéditos no Carioca.)

E ainda há os que repetem que o Salão é uma panelinha e são sempre os mesmos premiados!

Bem, aguardemos os resultados deste ano. Falta pouco. Mas tenho certeza que vai ter gente nova subindo ao pódio.