Um Salão mais difícil do que o Carioca

Difícil pelo tema. Serão quatro categorias: cartum, charge, caricatura e quadrinhos; e todos versando sobre o mesmo tema: a doação de órgãos para salvar vidas e ajudar aos outros que necessitam deles. A dificuldade, creio, consiste em criar obras que sejam engraçadas e ao mesmo tempo contribuam para incentivar os doadores, sem sem carregarem na dramaticidade ou descambarem para o pieguimos.

Mas o próprio desafio é o interessante do concurso do 1º Salão Nacional de Doação de Órgãos. Além da percepção de que a sua arte pode ajudar numa boa causa. Doe o seu talento para esse salão.

Mais informações clicando aqui

Entrevista com um Jurado

hoje entrevistando
Lobo, representante dos quadrinhos

Como é ser um jurado que seleciona os finalistas de um salão de humor?

É uma responsabilidade que não tem graça nenhuma.

De um modo geral, o que voce achou do processo de seleção, das categorias, e dos finalistas que chegaram ao juri?

O processo de seleção é profissional e transparente. O nível dos trabalhos é muito alto o que dificulta a seleção, obrigando o juri a ser bastante criterioso.

Entre os premiados, houve algum trabalho que tivesse te cativado de maneira especial?

Gostei muito da caricatura do Millôrusco, do Sama.

Entre os que não chegaram a ser premiados, você tinha algum favorito, um desenho que poderia perfeitamente estar na premiação se não fossem apenas cinco?

Muitos, tinha tanta coisa boa, que certamente mereciam ser premiados. Mas a gente tinha que escolher cinco, tarefa difícil.

Qual o conselho que você daria para um artista iniciante que queira participar do próximo concurso do Salão Carioca?

Participe!

- fotos de Ana Pinta

A questão dos artistas repetidos

Tenho pensando bastante na questão proposta por Spett aqui no blog.

Leiam o post do Spett clicando aqui

Ele escreveu que no catálogo (e, consequentemente, na exposição) cada artista só deveria entrar com uma obra. Um participante figurar com dois ou mais desenhos, mesmo que de categorias diferentes, tira o espaço de outros artistas, e, como se sabe, o espaço para a divulgação do desenho de humor é curto.

O que me incomoda nessa posição é que vira de ponta cabeça a filosofia que vimos adotando neste concurso desde que iniciamos nossa gestão (em 1987) e creio que nas gestões anteriores também: a avalição de cada obra, diante do Juri, é feita baseada na obra em si, independente de quem a tenha criado.

Neste ano conseguimos acentuar isto mais ainda. No processo de inscrição virtual o participante recebe um número confirmando sua inscrição. Quando os trabalhos vão ao Júri a identificação inicial de cada um é feita pelo número e não pelo nome do autor (acrescentamos apenas o título da obra pois muitas vezes reforça ou explica o conteúdo). Claro, há assinaturas na própria obra, há estilos identificáveis, mas a orientação sempre é: o que vale é o resultado final do desenho, esqueçam o artista.

No resultado final estão, portanto, segundo as decisões do júri, as melhores obras e não os melhores autores. Peço licença aos citados para exemplificar:
na categoria charges deste ano tivemos Santiago em terceiro e Hemetério em primeiro.
Creio que o Hemetério será o primeiro a concordar que Santiago é um artista desmesuradamente melhor , com uma longa e vasta carreira internacional, um mestre do traço.
Mas o julgamento levou em questão as torres trigêmeas, a burka diferente, e não se discutiu nomes ou carreiras e Hemetério ficou em primeiro.

E isto não quer dizer nem que o cartum de Hemetério seja realmente melhor do que o do Santiago. Um é diferente do outro. Quer dizer que: após várias levas de seleções feitas por pessoas diferentes, naquele momento, naquele lugar, cinco pessoas experientes, conhecedoras do desenho, com visões diferentes, após discutirem detalhes, concluiram que um cartum merecia estar em primeiro, outro em segundo, outro em terceiro. Concurso é isto.

Considerar as carreiras ao contrário - como sugerem MUITOS artistas - também seria julgar o artista ao invés da obra. Há os que propõe que disséssmos "não vamos premiar o desenho do Santiago porque ele já ganhou muitos prêmios na vida".
Sobre esta questão opinei em outros posts,

o que quero levantar para discussão agora é:
se começarmos a "ajeitar" os resultados de concursos para evitar que desenhistas saiam "repetidos" no premio catálogo, ou na exposição - o que pode sim ser interessante no sentido de abrir espaço para a inclusão de mais artistas -
abrimos um precedente que não sabemos onde vai parar.
Daí é um passo para se começar a ajeitar outras coisas.
E a discussão passa a girar em torno de nomes e não do conteúdo das obras.

No regulamento, nos textos oficiais e nos releases de divulgação consta que a exposição apresentará as melhores obras do concurso. E não os melhores artistas.

Da forma como o Salão é elaborado agora, para estabelecermos o parâmetro proposto,
teríamos que orientar os jurados para que dessem um jeitinho de não repetir nenhum nome na lista dos finalistas
o que considerado irregular (e perigoso).

Para oficializarmos isto, a saída, suponho, seria instituirmos no regulamento que cada participante só poderá enviar um desenho para o concurso,
o que é injusto para com eles (inclusive para os que se dedicam a várias categorias do desenho).
Aliás, para mim, um concurso tem que ter um mínimo de regras, é claro, mas quanto "menor for esse minimo", quando menos regras e restrições tiver, melhor, mais rico será seu conteúdo.

O que vocês acham sobre tudo isso?

Deu no Tinta China

Santiago e Gabriel Renner põem troféus
nos bolsos e uma graninha na prateleira



Segundo o próprio Santiago admite, com essa ele não contava: pegou um desenho que não levava fé e inscreveu na edição 2008 do Salão Carioca. Se classificou (segundo ele mesmo) numa espécie de decadência - honrosa e das mais lucrativas, achamos nós.



Já o Gabriel Renner se deu melhor na categoria quadrinhos e faturou um 2o lugar e um money maiorzinho, o que vai ajudar a financiar mais uma edição da sua revista Letal Mágico.
Aos grafarianos agraciados, palminhas unísssonas do blog.

Outro próximo jurado?

Lembrei de outro nome que, com certeza, representaria muito bem nosso humor gráfico. Trata-se do ilustrador com mais tempo em atividade num grande jornal brasileiro. Falo do Marcelo, do jornal O Globo. Filho do desenhista Monteiro Filho (um dos maiores desenhistas brasileiros em todos os tempos), o Marcelo atua há mais de 30 anos no Rio de Janeiro. Acredito que um nome como o dele enriqueceria muito o Salão Carioca.

- Zé Roberto

Excelente sugestão, Zé Roberto! Basta o Marcelo aceitar nosso convite. Já temos um nome fortíssimo para o Juri do próximo salão. Marcelo tem uma longa carreira de cartuns e ilustrações de qualidade,e poderá trazer esta experiencia para a avaliação das obras.

Fiquem com este desenho feito por Marcelo para o Salão Carioca cujo tema era o Futebol. De lá para cá, há cada vez mais torcedores deste time...

Vocês pensam que é fácil ser jurado do Salão Carioca? (3)

Muita coisa tem que ser resolvida no braço.

Nesta cena Mariano e Ique quebram o pau
para decidir qual o desenho que ficaria
em último lugar no Concurso.

- foto de Ana Pinta

veja foto anterior

Um Ribeirão que vai passar em suas vidas

Abertas as inscrições para o 15º Salão Nacional de Humor de Ribeirão Preto.

Mais informações aqui

Os próximos jurados?

Zé Roberto escreve:

Depois de tantos anos seguidos metendo o pau nesse salão, devo confessar que fiquei muitíssimo satisfeito com a escolha do grupo que formou o júri. Muito feliz a lembrança do genial Benício, assim como os convites direcionados ao Lobo, ao chargista Ique (muito pouco lembrado aqui no Rio), ao empreendedor e brilhante caricaturista Mariano e Anna Fortuna, que conhece muito sobre o humor gráfico nacional.
Para os próximos anos, sugiro a lembrança de nomes como Júlio Shimamoto, Guidacci, Mariza, Mariana Massarani, Cruz e Adail.

Realmente, foi emocionante termos o Benício em nossoo juri...

Bem, o Guidacci foi um jurado muito bacana na edição de 2006, e como temos essa política de tentar não repetir os componentes num prazo de cinco anos - e ainda dizem que são sempre os mesmos! - se estivermos por aqui ele certamente estará de volta em 2011.
Mariza é de São Paulo e normalmente convidamos jurados do Rio de Janeiro.
Mas vejam só; Massarani estava em nossa lista deste ano e teve que declinar por problemas de agenda.
Certamente será jurada, em breve, junto com os demais bons nomes lembrados pelo Zé Graúna.

Agora, quero ver é a gente conseguir tirar o mestre Shimamoto de casa!!

Pato de Laranja

Voltou ao ar o site Pato de Laranja, um coletivo publicando cartuns, charges, tiras e animações de vários desenhistas.

Sirvam-se aqui

Deu no Diário de Natal

Amâncio o papa-prêmios potiguar

O chargista potiguar Antônio Amâncio de Oliveira Filho, 32, está se tornando um verdadeiro papa-prêmios. Dessa vez ele foi reconhecido com o prêmio catálogo do 19º Salão Carioca de Humor com a charge Bolsa Família, que será inserida no catálogo do evento e na exposição na galeria principal da Casa de Cultura Laura Alvim, no Rio e Janeiro, de 2 de junho a 31 de julho.

Foram mais de 900 inscrições nas quatro categorias do prêmio: cartoon, charge, quadrinho e caricatura, sendo 25 selecionados em cada uma delas por meio de três seleções. O resultado foi divulgado na segunda-feira passada. Amâncio se inscreveu também na categoria cartoon, mas na última seleção ficou apenas na categoria charge. ‘‘Eu até achava que os cartoons estavam melhores, mas acabei sendo premiado com a charge’’, surpreende-se.

Há menos de um mês Amâncio foi o primeiro colocado na Mostra Maranhense de Humor com a melhor charge nacional sobre o aquecimento global e chegou a ser finalista no World Press Cartoon, em Sintra, Portugal. Esse prêmio é considerado o Oscar do cartoon mundial e ele ficou ao lado de nomes como Paulo Caruso, Lailson e Dálcio Machado.

Para o chargista esses prêmios são um reconhecimento ao seu trabalho. ‘‘Estou sempre participando dos salões, sempre acompanhando e enviando meus trabalhos, essas premiações são conseqüência do empenho. Foi muito gratificante ser premiado seguidamente, no Maranhão e agora no Salão Carioca’’, declarou.

Há 10 anos Amâncio abraçou a profissão de chargista, como ilustrador da imprensa sindical em Natal. Seu trabalho pode ser visto no Jornal de Natal, revista Papangu, e nos nacionais Revista da Semana e Opinião Socialista. Além de já ter tido charges publicadas em revistas como Veja e Caros Amigos.

Vocês pensam que é fácil ser jurado do Salão Carioca? (2)

Horas depois, o Juri do 19º Salão Carioca continua
em profunda concentração, sem chegar a um consenso.

veja aqui a foto anterior


(leia mais sobre os jurados aqui)

- foto de Ana Pinta

clique na imagem para ver melhor